SÃO PAULO - Os temores de bolha imobiliária se intensificam no Brasil, com cada nova informação de que o mercado já não anda como antes. Uma informação nova que ajuda a inflar os temores é de que quatro maiores construtoras brasileiras possuem R$ 14,6 bilhões em imóveis não vendidos, um estoque de 25 mil unidades, presente em seus balanços.
Mesmo com esse grande estoque de MRV Engenharia (MRVE3), Cyrela (CYRE3), Direcional (DIRR3) e Gafisa (GFSA3) - líderes do ranking da ITC (Inteligência Empresarial da Construção), ainda deverá haver lançamentos em 2014, mesmo em um mercado muito desacelerado que fica rentabilidade e geração de caixa. E pode acabar com a diversificação geográfica que as construtoras fizeram estes últimos anos - lançando muitos imóveis em mercados não tão atraentes, como Norte e Nordeste.
O certo é que já passou o período de euforia em que todas as unidades de um empreendimento são vendidas nos primeiros dias depois de seu lançamento - e hoje, mais da metade dos apartamentos não encontra comprador nos primeiros seis meses. É uma desaceleração e tanto, mas não é um estado de calamidade.
Destas empresas, o destaque positivo é a MRV Engenharia, que, como atua em setores onde há maior déficit habitacional, e vende imóveis para quem realmente quer comprar para morar e não para investir - um tipo de cliente mais seguro. A empresa tem R$ 4,67 bilhões em estoque mas não preocupa como os R$ 5,2 bilhões da Cyrela, que já admitiu publicamente que não está na situação em que queria estar.
A empresa está tomando medidas para transformar esses imóveis não vendidos em caixa: melhores ações de market, análise de mercado e melhoria no corpo de vendas. Mudanças também estão à vista na Gafisa, com um estoque de R$ 3,98 bilhões - mas que vê seus lançamentos recuarem na expectativa de diminuir custos e melhorar as margens.
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