SÃO PAULO - Vizinha de alguns dos mais nobres bairros do Rio de Janeiro, a favela do Vidigal tem se tornado um dos locais mais requisitados no boom imobiliário que vem vivendo a cidade há anos - um processo que a rede alemã Deutsche Welle chamou de "gentrificação". Não por coincidência, a comunidade hoje mostra algumas das principais características do Brasil da última década: aumento constante no poder de compra da população, valorização do preço do imóvel e melhora na qualidade de vida.
Próxima do Leblon - o bairro mais caro do Rio de Janeiro e do Brasil - e de São Conrado, o Vidigal hoje tem um metro quadrado na casa dos R$ 6.800, bastante superior à média da cidade, que fica em torno de R$ 5.000, segundo informações do Portal Zimp. Assim, ostenta o posto de favela mais cara do Rio de Janeiro. No próprio portal imobiliário dá para ver imóveis atrativos à venda no Vidigal, com características de classe média ou classe média alta - como este. São imóveis próximos da praia, com boa vista do mar e muito bem localizados em relação à zona sul e central do Rio de Janeiro.
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Negligenciada pelo Estado há anos, o Vidigal agora passa por um processo de urbanização, com a construção de ruas e de encanamento próprio. A favela tem uma população de aproximadamente 13.000 pessoas e conta com alguns proprietários ilustres, como o ex-jogador de futebol e modelo David Beckham e o rapper Kanye West.
Virou point de encontro, lugar de grandes festas e dono de alguns dos albergues mais requisitados por visitantes estrangeiros que vão ao Rio de Janeiro. Permite uma ida rápida à praia por sua localidade, ou uma caminhada pela trilha do morro dos Dois Irmãos. Localizada na Avenida Oscar Niemeyer, é caminho tanto para a Zona Sul da cidade quanto para a Zona Oeste, onde fica localizada a famosa Barra da Tijuca. Esses atrativos tem jogado o preço para cima na favela.
Gentrificação
Com essa disparada de preços, a "gentrificação" ocorre no Vidigal. Moradores antigos, com menor poder aquisitivo, são "expulsos" de duas formas: os que não tem casa própria veem o aluguel subir acima da sua condição, enquanto os que possuem casa e terreno recebem ofertas de vendas com preços tidos como atrativos, mas que não garantem a realocação em um ambiente central da cidade.
Mesmo os que ficam, ou que agora habitam o Vidigal, possuem um padrão de consumo mais elevado do que o morador de comunidade comum - mostrando ascensão social. Não é raro ver pratos de TV por satélite ali, muito menos aparelhos de ar condicionado, tidos como "gastões" em termos de energia elétrica. Estatisticamente, a favela tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) elevado, próximo de 0,875, um dos maiores da cidade - embora seja favorecida pela medição tomar parte de São Conrado.
Muito do que aconteceu ocorreu por conta da pacificação da favela, em janeiro de 2012. Com a subida do 19º batalhão da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), os antigos traficantes do local foram expulsos e o Estado pode se instalar de vez, integrando a favela ao resto do Rio de Janeiro efetivamente.
Ultimamente, casas cada vez maiores estão sendo erguidas no Vidigal - algumas delas verdadeiras mansões, com diversos cômodos. Antes do início da ocupação irregular do morro - em 1940 -, o bairro era tido como de classe média alta. Com o tempo, é possível que o bairro retome as características anteriores.
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