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Publicado na Sexta, 26 de outubro de 2018, 9h30
Brasileiro acha que entende de imóveis e futebol, mas não é bem assim
Imóvel
(Shutterstock)

SÃO PAULO - Não é novidade que a maior parte dos brasileiros ainda está longe de ter o hábito de investir e  ainda faz escolhas ruins na hora de aplicar seu dinheiro. E para o assessor de investimentos Luis Almeida, da Lifetime Investimentos, os imóveis se encaixam nessa categoria atualmente.   

“O brasileiro acha que entende de futebol e setor imobiliário, mas na verdade não está preparado para investir em imóveis e para ter opiniões tão bem fundamentadas sobre o esporte”, afirma.  

A analogia é a seguinte: a paixão pelo esporte faz com que as pessoas palpitem sobre táticas e resultados sem embasamento algum, uma espécie de “chutômetro" movido pelo amor ao time do coração.

Com imóveis acontece a mesma coisa, diz Almeida. As pessoas se acham capacitadas para comprar um imóvel e lucrar com ele (seja alugando, ou comprando e vendendo por um preço maior) - mesmo sem o conhecimento necessário para esse tipo de operação.  

O motivo principal dessa sensação de conhecimento total do mercado imobiliário vem da cultura brasileira de necessidade de segurança devido a momentos econômicos instáveis. 

“Vivemos períodos que impediram as pessoas de pensarem no longo prazo, como o Plano Collor e vários momentos de inflação alta. Isso fez com que o brasileiro se aproximasse do que era mais tangível: os imóveis. E colaborou para que a população achasse que imóvel é um investimento melhor que todas as outras aplicações”, explica Almeida.

"Quando o Plano Collor I confiscou os depósitos bancários e as cadenetas de poupança os imóveis se tornaram um jeito de não perder dinheiro", continua.

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Mas os tempos mudaram, a inflação já foi controlada há muitos anos e não há nenhum risco de confisco de aplicações no mercado financeiro. Além disso, as opções de produtos financeiros aumentaram e há muitas maneiras de investir em produtos bons e acessíveis por meio de corretoras independentes.

Segundo Almeida, muitas vezes o brasileiro se sente ameaçado em investir no mercado de ações ou em fundos imobiliários (FIIs), por exemplo, devido a volatilidade.

"Mas culturalmente, se sente confortável em investir em imóveis. O que é curioso porque esse ativo também oscila. O imóvel tem precificação atrelada a vários fatores como demanda do mercado, localização, ciclo econômico do país e tamanho", explica o assessor. 

Opções mais atrativas

Para Almeida, os fundos imobiliários são as melhores alternativas para quem quer ter uma exposição ao mercado imobiliário, porque oferecem maior diversificação dentro do setor.

Inclusive, a previsão da XP Investimentos é que haja rendimentos de mais de 11% ao ano livres de impostos nos FIIs, já nos próximos 36 meses, de acordo com um relatório da empresa intitulado Oportunidade de Tijolo. O estudo divulgado em agosto, mas que visa um longo prazo, comparou o mercado norte-americano de REITs (Real State Investment Trusts), equivalente aos FIIs no Brasil, com o mercado nacional. Esse rendimento é muito acima do obtido com o aluguel de imóvel, por exemplo. 

“Com teses de investimento cada vez mais ambiciosas, focadas, ativas e ao mesmo tempo diversificadas, certamente esse veículo ganhará em liquidez, diminuirá sua volatilidade e performará muito bem frente outras classes de ativos. Rendimentos acima de 11% real livre de impostos ao ano deverão ser comuns já para os próximos 36 meses”, diz o relatório. 

Para Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de real estate da POLI/USP, comprar imóvel para investir e obter renda de aluguel também não faz mais sentido com a evolução dos fundos imobiliários. Segundo ele, esta realidade já é um fato, e os investidores conservadores estão paulatinamente compreendendo este racional.

“O investidor de real estate, aquele conservador que investe para obter renda, está paulatinamente percebendo que não tem que comprar tijolo, tem que comprar posições em fundo imobiliário que é uma posição muito mais coerente em todos os pontos de vista”, afirmou o professor em entrevista ao InfoMoney. 

Segundo o assessor de investimentos, o brasileiro trata o imóvel de forma amadora. "Precisamos de ajuda de pessoas profissionais no assunto. Por exemplo, um fundo imobiliário tem um gestor que avalia as  melhores rentabilidades e a capacidade de ganho do ativo - que será mais rentável do que a pessoa ir lá e comprar um imóvel. Terceirizar a gestão é uma boa opção para quem não entende ganhar mais dinheiro", orienta Almeida.  

A lição que fica é que achar que domina um assunto apenas porque gosta daquilo pode fazer você perder dinheiro. No futebol, quando você aposta no seu time do coração e perde, é uma coisa. Já se fizer uma escolha errada na compra de imóvel você vai ter prejuízo financeiro - o que é bem pior do que uma dor de cotovelo pela derrota do seu time. 

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